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Os currais de pedra

Materialidades das lidas campeiras nas paisagens do Sul

Os currais e mangueiras são estruturas de pedra comumente encontradas nas regiões de exploração de pecuária, pois consistem em estruturas utilizadas para o manejo do gado em atividades como tosquia, castração, marcação, castração, etc. Embora também sejam construídas com materiais como madeira, pau-a-pique e outros, nos locais com abundância de pedra costumam ser mais utilizados, pois mesmo que demande um trabalho maior para sua construção, possui maior durabilidade e exige menos manutenção que as estruturas feitas com materiais perecíveis (SILVA, 2006; SCHENEIDER, 2013).
De acordo com os pesquisadores que estudaram o tema, a diferença principal entre curral e mangueira refere-se ao tamanho, os currais consistem nas estruturas menores, enquanto as mangueiras são consideradas as estruturas de maiores proporções. Scheneider (2013) aponta ainda uma diferença quanto à função, afirmando que os currais eram usados para o confinamento temporário do gado para rodeios e domesticação, enquanto as mangueiras recebiam todas as atividades de manejo do rebanho.
Já nos estudos uruguaios Florines, Geymonat & Toscano (2011) definem o curral como estruturas fechadas de formato circular ou quadrangular, com dimensões variadas chegando até 150 metros de diâmetro. Geralmente apresentam uma porteira ou duas entradas opostas, apresentam paredes trapezoidais simples ou duplas, que podem apresentam pequenos buracos para drenagem da água do interior. Sua principal função é a guarda temporária dos animais. Já as mangueiras consistem em currais de grandes extensões onde o gado é conduzido em bretes ou mangas.

Essas materialidades preservadas nos campos do Pampa gaúcho remetem aos períodos dos séculos XVIII e XIX, mas em algumas regiões, como em Santana do Livramento, ainda são construídas, reformadas e utilizadas nas lidas campeiras das Estâncias. Esse patrimônio arqueológico, portanto, preserva histórias e memórias do trabalho e das sociabilidades do cotidiano campeiro do sul. Conforme descreve arqueóloga Adriana Silva:

"Construída como suporte de trabalho ao peão da fazenda e ao tropeiro que deixava o gado em descanso, era a existência desta estrutura que garantia a segurança dos animais, no momento de pouso dos condutores. Por outro lado, serviam também como forma de evitar que os animais em trânsito, levados pelos tropeiros, acabassem se misturando ao gado das fazendas particulares por onde os caminhos passavam. Nas fazendas, além de um espaço de trabalho, indicavam um local de convívio social a cada momento em que os peões reuniam-se para a lida com o gado." (SILVA, 2006, p. 130-131)

Elaborado por: DA ROSA, Estefania Jaekel (2019).

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